quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Recebi um telegrama!

Algumas coisas nunca mudam. Notícia importante chega pelo telegrama. Tirando hoje a única vez que recebi um telegrama foi no meu primeiro aniversário em Botucatu. Porque sempre foi incrivelmente importante eu estar perto, mas daquela vez eu estava bem longe. Na minha escola somos instruídos a dialogar com alunos teimosos, bagunceiros, e que não querem estar lá. E eles também não querem conversar! Isto porque existe uma tendência a acreditar que se o aluno não aprende é porque o professor não tem autoridade para criar um vínculo com ele. Até gosto da parte do vínculo! Mas alguém acha possível ter vínculo com o mundo inteiro em tão pouco tempo? Só num mundo da fantasia! Dizem que é possível conhecer uma pessoa bastando saber sua rádio favorita. Pessoas que já sofreram por amor: 89,7. Adolescentes platônicos: 100,9. Pessoas bem resolvidas: 102,1. Rebeldes ou filhos ou netos de rebeldes: 89,1. E assim por diante! Já passei por algumas frequências nessa vida, quem não passou?! E sem querer parei na 103,3. É uma rádio de música clássica. De hora em hora muda o tema, sendo que o das 11h a radialista explicou: "Antigamente existia um costume de por vezes as pessoas se reunirem para se lamentar. E assim surgiram os cantos lamentosos com ópera, cada um para lamentar determinados tipos de angústias." Achei fantástico. E até senti saudade dessa época! Hoje em dia parece que a gente sempre tem que estar ótimo: Oi, tudo bem? - Tudo, e você? ...
As coisas não vem bem. Gostaria de me lamentar, de ficar com meus alunos. Mas recebi um chamado de um concurso para ganhar mais e trabalhar na Fundação Casa. Mas logo agora que estou formando o tal do vínculo? Se o salário do professor não fosse tão baixo, aí sim seria um festival de vínculos e de alegrias!

Um comentário:

  1. Mari!
    Você é ótima. Todo mundo tinha que ler. É tudo tão singelo e potente.
    Um beijo,
    Fer.

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